O Ronco no Comportamento e Atenção – Embraer 2019

Fui convidada para ministrar uma palestra na EMBRAER sobre a influência do ronco no comportamento e atenção. O ronco, apesar de ser unânime no quesito “atrapalhar o sono do outro”, muitas pessoas não sabem que ele não só atrapalha o sono do(a) companheiro(a) como o do próprio roncador. Como? Ele pode evoluir para um distúrbio do sono chamado Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono, mais conhecido como SAHOS, que afetará também sua saúde.

A SAHOS é caracterizada por ruídos e interrupções na respiração que se repetem, no mínimo, cinco vezes num período de uma hora. A barulheira noturna é entrecortada por engasgos, que muitas vezes o indivíduo nem os percebem enquanto dorme. Essas pequenas pausas na entrada de ar diminuem a concentração de oxigênio no sangue e podem acarretar em consequências mais sérias do distúrbio.

A redução de oxigênio superativa o sistema nervoso, que eleva o ritmo dos batimentos cardíacos e estimula a contração dos vasos sanguíneos. E, com o tempo, isso se perpetua ao longo do dia. Daí o fato de ser considerado um fator de risco para pressão alta e arritmia cardíaca.

Além disso, o quadro favorece o acúmulo de gordura abdominal e a resistência à insulina (hormônio que permite à glicose entrar nas células e gerar energia), condições que contribuem para o surgimento do diabetes tipo 2.

Para piorar, cansaço, sonolência e irritação são companheiros de todas as horas de quem ronca e se engasga à noite, porque um sono assim está longe de ser reparador. Com isso, o risco de acidentes de trabalho e de trânsito é 2 a 3 vezes superior em relação à população normal. Acidentes ocorrem com maior frequência nessas pessoas porque elas tendem a apresentar maior tendência para “cochilos” involuntários durante o dia, além de apresentar prejuízo nas funções cognitivas como déficit de atenção, dificuldade de memória e dificuldade de concentração.